ë Prémio Literário Fundação Inês de Castro para José Tolentino Mendonça
segunda-feira, 8 de março de 2010

A entrega do troféu, concebido por João Cutileiro, terá lugar no próximo dia 6 de Fevereiro, pelas 17:00 horas, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra".
Fonte: Blogue Assírio e Alvim
"O Viajante sem Sono, de José Tolentino Mendonça, lembra-nos que o nome de Deus é indizível – «Deus não aparece no poema / apenas escutamos a sua voz de cinza / e assistimos sem compreender / a escuras perícias» (p. 7) –, mas não o faz fechando-se à tentativa de o rodear, de buscar, sílaba a sílaba, uma enunciação que seja a possibilidade de segredá-lo – «Só há um modo verdadeiro de rezar: / estende o teu corpo ao longo do barco / que desce silencioso o canal» (p. 7). E de segredos, em grande medida, se faz este livro, de uma voz que se pressente mais do que se ouve em pleno. É o som da respiração, a que é possível com os pulmões que nos couberam, a que se pode alcançar, quando o ar parece um bem precioso, quando, sem escaladas, ele é rarefeito e dói. O corpo é a actualização possível da alma, a única jangada com que podemos contar para a mais escura das jornadas: caminho para a morte, demanda de um sentido que nos ilude e quase nunca chega a tempo. Repare-se como, por exemplo, se cindem o transcendente e o corpóreo – «rezar» / «corpo» –, sem que a transição propriamente o seja, e como uma da outra decorrem em interdependência.
In: Orgia Literária
In: Orgia Literária
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